quinta-feira, 28 de maio de 2020

Eu costureira?

Na correria do dia a dia, a roupa mais prática e rápida de usar é o jeans: todo dia ele te acompanha na labuta. E é bem comum, hoje em dia, que ele depois de algum tempo (às vezes nem tanto assim) rasgue no meio das pernas. 

Não era diferente comigo, e eu estava cansada de encostar calças ainda boas apenas por rasgarem no meio das pernas: decidi comprar uma máquina de costura pra poder consertá-las, como minha mãe e minha avó faziam (cerzir é o nome desse tipo de conserto).

Consegui comprar uma máquina muito boa num leilão na internet por um ótimo preço, e o vendedor me ofereceu quase tudo que estava no estúdio de costura: tesouras, tecidos, zíperes, giz para marcar tecido, agulhas, alfinetes, retróses e retróses de linha, fitas métricas, uma caixa de costura linda talhada a mão, além de ferramentas que até hoje eu não sei para que servem, mas as guardo todas.

Chegando em casa fui logo testar meu brinquedo novo: consertei duas calças, cortei e fiz bermuda de outra para minha filha, vizinha trouxe calça dos filhos pra consertar, e eu me descobri costureira. Pelo menos pra cerzir.

Pouco tempo depois, uma pessoa para a qual eu trabalhava me perguntou se eu costurava. “Sim”, disse eu toda confiante. “Então corta essa calça aqui pra mim, 12 cm. Quero ela curta para o verão”. Era uma calça de grife, muito bonita, minha mãe teria tido dó de passar a tesoura ali. Mas eu peguei o trabalho pra fazer com a segurança de uma costureira profissional: para cortar com precisão, primeiro passei a calça a ferro, deixando o tecido bem lisinho, o que facilita o corte do tecido. Cortei, dei acabamento, entreguei e recebi meu pagamento. 

Recentemente, com a pandemia e a necessidade de máscaras, me redescobri costureira, daquela que usa o molde de papel para o corte, chuleia, faz acabamento bem feitinho. Primeiro costurei algumas para uso doméstico, mas depois entrei no projeto voluntário de máscaras da minha empresa: estamos costurando máscaras para nós mesmos usarmos no trabalho.

Mulher é de uma versatilidade incrível, né?

E você, que habilidades descobriu que tem nos últimos tempos?

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terça-feira, 14 de abril de 2020

Palavra que constrói

Meu pai sempre dizia que o maior bem que a gente tem na vida é o nosso nome. O nome que construímos em torno da nossa pessoa, que conquista credibilidade e que faz com que as pessoas tenham a gente como uma referência de alguém em quem se pode confiar, com quem se pode contar.

O que constrói isso é ter palavra: falar que vai fazer algo e fazer o que falou. Ser uma pessoa de palavra vai além de juramentos, pois juramentos são feitos com o mundo exterior. A palavra é ancorada diretamente com os seus próprios valores éticos e morais. 

Marquei com um amigo pra sair? Lógico que vou! E no horário combinado! 
Me comprometi a entregar um trabalho na sexta ao meio-dia? Estará pronto!

Ter palavra é algo contribui muito para as relações humanas, pois faz com que as pessoas construam alicerces importantes para suas interações, sejam pessoais ou profissionais. Pessoas de palavra, quando assinam documentos de compromisso, o fazem porque isso faz parte das normas sociais, e não para obrigá-las a cumprir o que está no papel – pois o compromisso maior é com seus valores éticos.

O que você entende como “ter palavra”? Qual o grau de importância da palavra na construção da confiança entre as pessoas? Como você identifica pessoas confiáveis? E como você cuida do seu maior bem, o seu nome?

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domingo, 5 de abril de 2020

Distanciamento social ou apenas físico?

Em tempos de corona vírus somos forçados ao distanciamento físico – não compactuo da expressão „distanciamento social“. Precisamos ficar em casa e evitar toda saída desnecessária. Todo aquele que tiver chance de trabalhar de casa, deve fazê-lo. E quem não tem como evitar sair, precisa cuidar de si e dos outros, mantendo a distância física nos ambientes em que estiver.

Mas vamos falar da expressão „distanciamento social“: já não vivíamos isso antes? Estávamos tão conectados, ilusoriamente juntos, trocando carinhos por meio de emojis em mensagens de aplicativos, mas quanto de sinceridade e presença essas mensagens continham de fato?

Minha experiência de duas semanas de quarentena, saindo de casa apenas pra comprar comida, é de que aquilo que o governo começou chamando de „distanciamento social“ é na verdade apenas um distanciamento físico que, na prática, está promovendo uma grande aproximação social entre as pessoas, possibilitada principalmente pela tecnologia.

Eu mesma reativei o Skype, aprendi que dá pra fazer chamada de vídeo de até quatro pessoas no whatsapp e descobri o zoom, que já conhecia, mas nem tanto. Recebo convites constantes para acompanhar lives no Instagram e no Facebook – o mundo está se encontrando no virtual, porém parece que sem aquela superficialidade que antes reinava. As pessoas querem de fato um carinho, uma palavra, querem ser ouvidas, compartilhar suas dores e angústias, saber que há outros na mesma situação, e essa troca de experiências enriquece e fortalece cada um que participa desses eventos virtuais.

Essa aproximação social é algo inimaginável se olharmos para três meses atrás. Mas é a realidade, e depois dessa crise o mundo não voltará ao que era antes. Todas essas mudanças  que estamos sendo de alguma forma forçados a fazer em nossas vidas, tudo de novo que estamos aprendendo e que estamos reinventando e adaptando, tudo isso será imensamente útil na sociedade pós-corona.

Fiquemos atentos a tudo que estamos vivendo agora. 

E sigam o blog: vamos continuar falando de temas relacionados ao momento e tudo que podemos resgatar nesse fase em que „ter tempo“ deixou de ser impeditivo.

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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O que todas as culturas têm em comum?

Cada vez que falarmos aqui de cultura, será preciso relembrar de que conceito de cultura estamos falando, que é a de cultura como fator identificador de um grupo social. 

Segundo o antropólogo americano Kluckhohn, cultura é um padrão de comportamento (modo de pensar, sentir e reagir de um grupo humano) que é adquirido e transmitido sobretudo por símbolos dentro desse grupo e que representa sua identidade específica. Ela inclui os objetos concretos produzidos pelo grupo e seu coração está nas ideias e valores tradicionais.

Baseado nesse conceito de cultura o psicólogo e pesquisador de culturas holandês Geert Hofstede* conduziu um estudo lá nos anos 1960-70 entre os funcionários da IBM em 50 países, no qual percebeu que todas as culturas têm traços em comum, que ele chamou de “dimensões culturais”, e o que determina a diferença entre as culturas é o grau de importância que cada dimensão cultural tem dentro delas.

As cinco dimensões culturais definidas inicialmente por Hofstede são:

- Distância do poder
- Aversão à incerteza
- Individualismo X coletivismo
- Masculinidade X Feminilidade
- Orientação de curto prazo X longo prazo 

Uma sexta dimensão foi definida depois desse primeiro estudo, a Indulgência x Restrição.

Cada uma dessas dimensões culturais mostra como determinada cultura se comporta em relação ao tema, indicando uma relativa previsibilidade de comportamento, o que é de grande valia quando se vai estabelecer relações com uma nova cultura. 

Para conhecer cada uma das dimensões culturais acima e entender como elas se apresentam em diferentes culturas, acompanhe os próximos posts, onde elas serão conceitualmente apresentadas, acompanhadas de um caso ilustrativo para melhor compreensão. 

Os conceitos apresentados nesse post que precisam ser anotados são:

- dimensões culturais
- padrão de comportamento
- identidade de grupo
- valores

*Geert Hofstede: é um especialista holandês em estudos culturais. Ele é professor emérito de antropologia organizacional e gestão internacional na Universidade de Maastricht, na Holanda. Sua área de pesquisa é a cultura organizacional e ele analisou as relações entre culturas nacionais e culturas corporativas. Sua análise ficou famosa por funcionários da empresa IBM.

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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Competência Intercultural

Hoje em dia é muito comum ver em descrição de vagas de empregos a competência intercultural como um requisito no rol de soft skills, porém a definição de competência intercultural raramente é clara para quem se candidata a um emprego – talvez até para quem a colocou nos requisitos para a vaga. 

Competência intercultural é definida como “a capacidade de lidar com culturas diferentes e com as pessoas que a elas pertencem, com o seu sistema de valores e estilos de comunicação de uma forma respeitosamente adequada, de modo a poder comunicar-se com eles e compreendê-los”.

Cada cultura tem seu sistema de valores e seu estilo peculiar de comunicar-se. Portanto, ser interculturalmente competente vai muito além de ter boa relação interpessoal. A competência intercultural engloba outros dois conceitos importantes, como sistema de valores e estilos de comunicação, e se divide em três tipos: a competência intercultural cognitiva, a comportamental e a afetiva. 

O aspecto cognitivo da competência intercultural diz respeito ao conhecimento que se tem da própria cultura e da cultura com a qual se vai relacionar. Conhecer alguns hábitos e comportamentos ajudam imensamente na interação com uma cultura diferente. Por exemplo, num encontro com japoneses, ao entregar seu cartão de visita, é importante fazê-lo segurando o cartão com as duas mãos, o que para a cultura japonesa é um sinal de estima e consideração. Entregar o cartão usando apenas uma das mãos é considerado indelicado, e pode causar uma má impressão logo de entrada, comprometendo futuros negócios.

O aspecto afetivo refere-se à competência social da pessoa – aí sim a boa relação interpessoal conta. Aqui é fundamental ser capaz de responder emocionalmente de forma adequada, controlando eventuais reações negativas. Controlar a ansiedade, ter empatia e evitar o julgamento, sobretudo baseado em estereótipos, completam esse aspecto da competência intercultural. 

No aspecto comportamental interessa a abertura e a disponibilidade que se tem para interagir com culturas diferentes: “estou disposto a respeitar e aceitar o que não conheço e/ou não entendo?” é a pergunta central aqui. Aqui é preciso exercitar as habilidades verbais e não verbais da comunicação, a fim de se ter uma melhor compreensão do contexto e ser capaz de adaptar um comportamento com vistas a uma interação bem-sucedida.  


Só nessa breve definição de competência intercultural já vimos vários outros conceitos ligados à cultura: 

- Sistema de valores;
- Estilos de comunicação;
- Empatia;
- Estereótipo;
- Comunicação verbal e não verbal; 
- Abertura ao desconhecido...

Falaremos de todos esses conceitos. E pode ter certeza de que, ao falarmos desses, outros aparecerão. Vamos explorar juntos o tema cultura e intercultural. Fiquem ligados!

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Mudança e cultura

É comum a gente se mudar de casa. Tá, conheço gente que nunca mudou sequer de quarto, mas isso não é a regra. A gente muda de casa, de vizinhança, de cidade, estado e até país. E toda mudança traz consigo um certo choque, para alguns até um medo do desconhecido. 

“Será que os vizinhos serão legais como os que eu tinha? Será que tem filhos pequenos? Do que gostam? O que fazem?” são perguntas que ocorrem em momentos de mudança, porque “cultura é o jeito que se faz as coisas por aqui”, e você, que acabou de chegar na área, ainda não sabe como é. Mas se a pessoas falam a mesma língua, a adaptação tende a ser menos difícil. Porém, quando a gente muda pra mais longe, onde se fala outra língua, as diferenças culturais são mais visíveis e a adaptação é um desafio bem maior.

Pense nesse cenário: você se muda para um outro país, por motivos quaisquer (trabalho, amor etc.). Chegando lá, estranha tudo: o modo de falar, comer, andar, agir... é tudo muito esquisito e você tende a achar que as pessoas locais estão de alguma forma erradas, que é melhor ser assim, como você aprendeu que tem que ser. Nesse ponto você está reconhecendo as diferenças.

Mas veja bem, a gente não chega na casa de um conhecido distante e já apontando defeitos na mobília, e vai mudando os móveis de lugar, não é mesmo? Respeitar o modo de ser dos outros é o primeiro e mais importante passo quando se chega num lugar desconhecido. 

Em seguida, é preciso tentar compreender o porquê de as coisas serem como são, de as pessoas agirem como agem. Você não precisa concordar, só precisa respeitar e compreender. Quando entender esses porquês, talvez o contexto passe a fazer algum sentido e você não se sinta mais tão incomodado com essas diferenças. 


Mas uma coisa é preciso dizer: compreender as diferenças pode levar tempo, pois demanda algum conhecimento sobre cultura e padrões culturais. Não há jeito “certo”: há a sua perspectiva e a perspectiva do outro de compreender o mundo. 

Vamos falar aqui de forma clara e simples sobre esses conceitos. Fiquem ligados!


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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Cultura e diversidade

Comecei a escrever aqui sobre a minha origem italiana, e certamente ainda há coisas a contar. Mas isso me despertou para a interculturalidade (diversidade cultural) que cada um traz em si, consciente ou não. Mas como compreender o que vem a ser intercultural sem entender exatamente o que é cultura? 

No mundo globalizado e altamente conectado de hoje é comum encontrar pessoas de diferentes países vivendo e/ou trabalhando num mesmo ambiente, e compreender as diferenças culturais é fundamental para uma convivência harmônica. Mas cultura diferente não é apenas a de outro país: seu vizinho mineiro, nordestino ou gaúcho tem hábitos e costumes diferentes do seu, mesmo sendo brasileiro como você.

Há diversas definições acadêmicas para cultura. Algumas são mais simples, outras indicam contextos de identidade regional/nacional ou de pertencimento a determinados grupos. Mas a melhor mesmo, para compreensão de leigos e para aplicação prática na vida é: "cultura é o jeito que se faz as coisas por aqui"

E o jeito que se faz as coisas em cada lugar é determinado pelo conjunto de crenças e valores das pessoas dali. O que é importante ali naquele grupo ou naquela região pode não ser pra você, o que não significa que as pessoas desse grupo estão erradas porque agem diferente de você. Entender o porquê de as pessoas se comportam da maneira que o fazem não é tão simples assim, demanda compreender contextos que muitas vezes estão além da capacidade de cada um. Não é preciso concordar com o outro, mas é fundamental respeitar a forma de ser e agir dessa pessoa.

O encontro de culturas pode ser muito enriquecedor quando as partes reconhecem e respeitam suas diferenças. E quando interagem ao ponto de, por exemplo, adotar para si um costume diferente ao seu, já entramos no campo da interculturalidade, da interação entre as culturas.

Quantas culturas você consegue identificar ao seu redor? Quais? De que forma você as identifica? Comida? Modo de falar? Costumes? Tradições? Comente, e colabore para expandir nossas conversas sobre cultura, que estão apenas começando com esse post.


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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Eu tive sarampo!

Nasci em 1970, terceira filha em três anos. Tempos de vacas magérrimas, nos quais o dinheiro do alimento do dia era ganho pelo meu pai das quatro às seis da manha fazendo lotação.

Meus pais tinham pouca informação, e não fomos vacinadas no tempo certo. Lembro que quando fomos matriculadas no pré (minha irmã mais velha já com seis anos), precisamos tomar todas as vacinas, caso contrário não seríamos aceitas.

Vacine seus filhos! É sempre melhor tê-los sorrindo assim, como
eu nessa foto, em uma das nossas raras escapadas para Santos
Mas o que vou contar aqui aconteceu antes disso, quando tinha uns dois anos de idade. Tive sarampo. E tenho uma única lembrança bem viva disso. Eu, um bebê mais crescido, deitada na cama, não lembro se tinha dor, febre ou coceira, mas estava doente, portanto, vinha gente me visitar. E veio meu padrinho. Ele se inclinou sobre a cama para me olhar bem de frente. É isso que me lembro: a cara dele que expressava um sentimento de “coitadinha dela”, como se eu estivesse nas últimas. Que lembrança!

Fui perguntar pra minha mãe o que ela lembra dessa ocasião, se eu realmente fiquei muito ruim, se o caso era sério. Ela disse que não, que já tinha tomado todos os cuidados necessários, e que eu podia ficar em casa. É claro que o nível de cuidado mudou muito de lá pra cá, e também vírus foi ficando mais forte e mais perigoso ao longo do tempo, pois hoje em dia um caso de sarampo normalmente vai parar na internação num hospital.

Com essa epidemia atual, fiquei receosa e, por não ter tanta certeza assim se a doença tinha me imunizado adequadamente, fiz o teste. Realmente eu tive sarampo e sou naturalmente imunizada. 

O Brasil tem inúmeros problemas de ordem econômica e social, mas uma coisa nenhum país do mundo pode falar: o SUS oferece gratuitamente a vacinação completa para todas as crianças, ricos ou pobres, não havendo motivo para não proteger os filhos recém-nascidos. 

Você aí que tem filhos, a carteira de vacinação está em dia?

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sexta-feira, 14 de junho de 2019

A saga da cidadania: os laços de sangue

5 de setembro de 1889: começa a história de um
Gallet que n
ão fazia ideia do quão longe iria
 
Minha mãe teve bem pouco contato com o avô dela, o italiano que chegou ao Brasil em 1896. Nem o idioma foi preservado, pois meu avô João Galetti, pai da minha mãe, não falava italiano. Pudera, seu pai, meu bisavô Eugenio Gallet, chegou no Brasil com menos de sete anos, foi alfabetizado em português e provavelmente foi perdendo seu italiano, nem tendo a ideia de passar o idioma para seus filhos. Certamente havia coisas mais importantes para cuidar, como trabalhar duro para garantir a sobrevivência.

Pois bem, falando ou não italiano, o direito de sangue estava lá, porém era preciso comprovar os laços sanguíneos por meio de documentos oficiais. Desde que descobri que tinha direito, passei a frequentar fóruns sobre o tema, onde vi que para muitos a parte mais difícil era conseguir descobrir onde exatamente o antepassado havia nascido, pois os registros de chegada no Brasil diziam de maneira genérica “italiano” ou apenas a região da Itália de onde tinham vindo. Era preciso pesquisar em que região da Itália o sobrenome era mais frequente, e então escrever para as várias cidades daquela região, na esperança de que em uma delas a certidão de nascimento fosse encontrada.

Eu tive a grande sorte de ter um tio-avô vivo e muito lúcido, o Tio Luiz Galeti, que me passou com exatidão todas as informações sobre o seu pai, meu bisavô. Onde nasceu, com dia, mês e ano, quando e onde casou, e onde faleceu. As certidões brasileiras foram obtidas com certa facilidade, telefonando para os cartórios das cidades informadas pelo Tio Luiz e solicitando os documentos. 

Claro que tudo teve seu preço (as certidões, o correio com envio seguro), mas foi um investimento devidamente calculado. Já para solicitar a certidão de nascimento do meu bisavô na Paróquia de Aquileia eu contei com a ajuda de uma italiana para a qual eu trabalhava, que telefonou diretamente lá. Com os dados precisos fornecidos pelo Tio Luiz, a busca foi bem facilitada e em dez dias a certidão de nascimento/batismo chegou pelo correio.

Eu já tinha todas as certidões na mão. Qual seria o próximo passo? Traduzir, legalizar e dar entrada no consulado italiano em Munique. Parecia tudo muito fácil e rápido, em relação a tudo que eu havia lido em diversos fóruns sobre cidadania italiana. 

Pois é, mas como nada na minha vida havia sido fácil até então, a cidadania seguiu o mesmo padrão: a cidade de Aquileia, onde meu bisavô havia nascido, não pertencia à Itália na época do seu nascimento. Havia tudo voltado à estaca zero?

Comecei a estudar a história das guerras napoleônicas e suas consequências na Europa do século XIX. E descobri que sim, ainda havia um caminho para o reconhecimento da minha cidadania. Só não seria tão rápido quando inicialmente pareceu que seria. 

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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Entre a fome e o desconhecido, a esperança

Eugenio Tobia Gallet e Maria Valentina Sclauzero, meus tataravós,
que saíram da Itália em 1896 com seus seis filhos rumo ao Brasil
 
Meu bisavô tinha seis anos quando os pais dele decidiram deixar sua terra natal e ir para o Brasil. Ele certamente não fazia ideia do que aquela mudança significava, mas seus pais certamente sabiam: era uma tentativa quase desesperada de fugir da miséria que reinava na Itália no fim do século XIX, após décadas das guerras napoleônicas e disputas territoriais com o Império Austro-Húngaro. 

O Brasil era esperança e promessa: esperança de se viver em um lugar onde não havia guerras e promessa de trabalho e, por meio dele, a dignidade para a família. Com a abolição da escravidão em 1888, a economia brasileira precisava de mão de obra para, entre outras atividades, manter os engenhos de cana de açúcar funcionando. Além disso, era um país com uma extensão de terra ainda não totalmente conhecida, e certamente haveria um pedacinho de terra onde eles poderiam plantar e viver.

Não sei dizer como foi que Eugenio Tobia Gallet, a esposa Maria Valentina Sclauzero e seus seis filhos, entre eles Eugenio Gallet (meu bisavô) se estabeleceram quando chegaram. Mas havia tantos italianos também recém-chegados que a integração na nova terra foi provavelmente bem facilitada. Sei que se estabeleceram no interior do Estado de São Paulo, região de terras ricas e férteis, e lá plantaram suas raízes no Novo Mundo.

A partir deles, uma nova história começou a ser escrita: a de bravos imigrantes que, em tempos em que uma carta demorava meses pra chegar ao seu destinatário (isso quando chegava!) tiveram a coragem de se aventurar no desconhecido, empurrados porém pela necessidade pura e simples de prover uma vida mais digna para seus filhos.

Desconheço a história dos outros cinco irmãos e irmãs do meu bisavô, mas ele, Eugenio Gallet, teve cinco filhos. O meu avô, João Galeti (sim, o nome sofreu várias corruptelas), teve sete; minha mãe, cinco; eu tenho uma filha. Mas meu sobrinho já é pai, então já estamos na sexta geração do Eugenio Gallet no Brasil, desde 1896. 

E eu, que pensava ser a minha inclinação por explorar e conhecer novas fronteiras simples características do meu fogo sagitariano (além de influência do meu pai, também sagitariano), me enganei. O meu lado materno, através dos Gallet, tem sua contribuição nessa ânsia por andar, andar e andar. E sem temer o desconhecido, pois é só assim que a gente cresce.

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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Ancestralidade: as nossas origens

Brasileiro é resultado de uma mistura tão rica que muitas vezes procurar suas origens torna-se um desafio imenso. 

Pelo lado paterno, nossos nomes são 100% portugueses. Até aí, nenhuma surpresa, pois portugueses foram nossos colonizadores. Mas mesmo assim procuramos saber onde haviam nascido nossos bisavós, tataravós e seus pais. Resultado da busca: todos até seis gerações antes de mim haviam nascido na mesma região da Zona da Mata em Minas Gerais.

Já minha mãe é neta de italiano, isso eu já sabia, mas só em 2007 descobri que, mesmo sendo bisneta, quarta geração, ainda tinha o direito de sangue. Como eu já vivia na Europa, a possibilidade de se tornar oficialmente europeia fez a expressão “origens” ganhar um significado especial, e aí começou a saga da cidadania.

Tive a grande sorte de ter um tio-avô vivo e lúcido, que me deu preciosas e precisas informações sobre local e data de nascimento, casamento e óbito do seu pai, meu bisavô, o italiano que emigrou para o Brasil ainda criança, com seus pais e uma penca de irmãos e irmãs.

Com isso, a busca pelas certidões foi imensamente facilitada, inclusive a de nascimento lá na Itália. Mas obter a cidadania não seria assim tão fácil quanto inicialmente pareceu que seria. Meu bisavô havia nascido em uma cidade que na época das guerras napoleônicas pertencia ao Império Austro-Húngaro (a região conhecida como Trento/Alto Ágide), e assim ficou até o fim da Primeira Guerra, com o Tratado de Saint Germain. 

Só que meu bisavô emigrou em 1896, e como um apátrida. Oficialmente, ele não era nem italiano nem austríaco. Tinha nome italiano, falava italiano, mas no papel não era italiano. Porém, graças a uma instituição chamada Trentini nel Mondo, de italianos em diáspora mundo afora, foi criada uma lei que possibilitava o reconhecimento do antepassado como italiano e, consequentemente, o de seus descendentes. 

Resumindo, minha cidadania saiu, mas foi uma longa caminhada. Quando se tem residência oficial em outro país, é possível dar entrada no processo de cidadania no consulado italiano local. Por esse caminho, uma cidadania “normal” pode levar até três meses pra ficar pronta. Porém, o meu caso, também chamado de “cidadania trentina”, demorou mais de cinco anos para ser avaliado e eu ter a cidadania reconhecida por meio dessa lei especial criada para atender os descendentes de trentinos emigrados mundo afora. 

A conquista foi celebrada com um Valpolicella maravilhoso!
Mais do que ter um passaporte europeu, me interessava saber de onde venho, e o que levou um casal com seis filhos pequenos a sair de sua terra natal rumo ao desconhecido no fim do século XIX. Então decidi ir a Aquileia, e o que encontrei lá vai muito, muito além da minha ancestralidade: remonta ao Império Romano.

A seguir cenas dos próximos capítulos...

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sábado, 20 de abril de 2019

Óuspirdici!*

As férias eram na roça, no sítio dos meus avós, uma região simples e de bem poucos recursos. Ali nas terras do meu avô e seus vizinhos se produzia arroz, milho e feijão. Tudo no cabo da enxada, sob o sol escaldante. Preparar a terra, semear, capinar, colher era tudo trabalho essencialmente braçal. 

O que eles não produziam, como açúcar, por exemplo, tinham que comprar numa fazenda vizinha, em saca de 60 quilos. Na casa dos meus avós, a saca de açúcar cristal ficava guardada no quarto de dormir deles, atrás da porta, como se tesouro fosse. 

Na hora de fazer bolo, tínhamos que ir no quarto com uma tigela e uma xícara para medir a quantidade para a receita. Era um grande mistério para nós, crianças da cidade, como se assava bolo sem forno. Mas isso é tema pra outra história.

Crianças que éramos, não tínhamos tanta atenção com os detalhes. Abríamos o saco, medíamos três xícaras, fechávamos o saco e íamos pra cozinha dar andamento ao bolo. Logo mais meu avô ia ao quarto verificar se tínhamos fechado o saco direito. E daquela vez, viu cristaizinhos de açúcar caídos no chão.

Saiu brabo do quarto, dando bronca em todos, inclusive na minha avó, que segundo ele, deveria ter nos supervisionado. “Óuspirdici, minina! Onjasiviu dexá açúcar caí nu chão? Açúcar custa caro dimais da conta”**.

Aprendi ali que naquela roça todos tinham como prática quase que de sobrevivência combater o desperdício. Nem um grão de arroz ou feijão deveria ser perdido. Nem um cristalzinho de açúcar, porque o trabalho para consegui-lo era árduo e penoso.

Enquanto isso, nas cidades e nos dias atuais, os índices de desperdício de alimentos é algo obsceno. Se essas pessoas ao menos tivessem uma idéia do trabalho que é para produzir, talvez pensariam duas vezes antes de jogar fora uma banana só porque está pintadinha por fora.

Desperdício na minha casa é tabuzaoç. Não pode e ponto. Estou sempre olhando na geladeira, fruteira e armário. Verifico o que precisa ser consumido logo e me sirvo das sobras das comidas até acabarem antes de preparar outra. “Ah, só gosto de comida fresquinha” dizem alguns. E jogar dinheiro fora, você gosta?

*Olha o desperdício!
**Olha o desperdício, menina! Onde já se viu deixar açúcar cair no chão? Açúcar custa caro demais da conta.

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sábado, 13 de abril de 2019

O convite


O bichinho da corrida me picou!

Um dia chegou uma amiga da minha cunhada pra ela e falou que no domingo haveria uma corrida na cidade.

„Vamos correr? São só cinco quilômetros”.

Minha cunhada já sabia que essa amiga e toda a família dela, incluindo a avó de noventa anos, eram da pegada da corrida. Mas não esperava o convite.

“Eu correr? Só consigo me imaginar correndo da sala até a geladeira na cozinha!”

E no domingo lá estavam elas, na linha de largada. Minha cunhada para a primeira corrida da vida dela, que foi gloriosamente terminada, quase sem fôlego, mas terminada. Porque era uma questão de honra cumprir o desafio aceito.


Foi assim que bichinho da corrida entrou na família. E saiu picando outros... 

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sexta-feira, 5 de abril de 2019

Marina No Ar de volta ao ar!


Marina No Ar, mas com os pés bem firmes na vida real!


Retomar um hábito é sempre um grande desafio. Ainda mais quando a rotina te engole de tal maneira, que você já fica feliz só de ter chegado bem no fim do dia e conseguido pagar as contas no fim do mês. Quando você vive na base do vender o almoço para comprar o jantar, você está na base da Pirâmide de Maslow* – nas necessidades básicas de sobrevivência.

Mas os sonhos, planos, ideias, esses nunca morrem, só adormecem dentro da gente. E no meu caso, ficaram gritando esse tempo todo lá no fundo da minha mente “ei, não esquece da gente!”. Dez anos ouvindo essa voz dentro de mim me implorando para virar palavras escritas em algum lugar e se juntar a outras vozes nesse imenso mundo virtual. Um projeto de trazer ideias para o papel, contar histórias e estórias, compartilhar experiências, falar de angústias e de sucessos, mas sobretudo, mostrar o quanto a vida pode ser bela mesmo quando a gente se encontra num sufoco diário, atropelado por obrigações que nem sabemos se vamos dar conta, e depois não entendemos como demos conta. 

A vida me atropelou deveras nesses dez anos. Mas eu não só saí ilesa desses constantes atropelamentos como também mais forte, mais madura e mais determinada. E muito a fim de escrever essas histórias, todos esses atropelamentos da vida em mim.

É por isso que o Marina No Ar vai continuar: porque histórias precisam ser contadas, pois é por meio delas que a gente se eterniza.

Marina No Ar está no ar!